Os Quais trocam as voltas à pop num disco de compleição e risco em que o Brasil é o país convidado. A justiça não existe mas estas canções merecem mesmo ser ouvidas.
 
Jacinto Lucas Pires e Tomás Cunha Ferreira vêm de outros ofícios mas o all star brasileiro presente no disco não faz da tertúlia um compromisso. De uma soma de jantares regados a vinho, imagina-se, nascem as ideias e daí a música assinada por um escritor e um artista plástico que não personificam o convencionalismo de uma banda mas antes uma espécie de oficina aberta à troca.
 
Tudo no primeiro disco inteiro d`Os Quais é ao contrário para que tudo volte a fazer sentido outra vez. Assim como nem sempre nos apaixonamos pela miúda mais gira da turma, o caminho não tem que ser o mais fácil para chegar à canção pretendida. A que tem a emoção pretendida porque estas coisas dos sentimentos também se esculpem. E se há diferença para o «Meio Disco» de estreia é o detalhe.
 
Músicos como Domenico, Pedro Sá, Bruno Medina (Los Hermanos) e Péricles Cavalcanti trazem consigo o calor dos arranjos e o rigor de quem ama a música mas a leva muito a sério. O ambiente é de alta cultura, como não podia deixar de ser, mas num sentido de exigência e não de pretensão. A palavra nunca cede ao cânone e foge à ideia de poesia musicada que a pena de um escritor poderia indiciar.
 
«Pop é o Contrário de Pop» é raro no seu aventureirismo, belo nas melodias, liricamente sedutor e simbolicamente um acto escapista de quem nos mostra que a pop não existe apenas para ganhar likes no Facebook. Apesar disso, estas canções merecem ser partilhadas nas redes sociais, na rua ou em palco porque estão sobredotadas de carinho e amizade e não há humanidade maior que essa.
 
Os Quais
 
«Pop é o Contrário de Pop»
 
Mbari

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