Os Tomates Enlatados

Autor: Benjamin Péret

Editora: Antígona

Idioma: Português

10.00 €

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Em 1928, nas catacumbas de Paris, aguardava-se com expectativa o volume final de uma profaníssima trindade de ficções surrealistas, que sucederia a História do Olho, de Georges Bataille, e a A Cona de Irene, de Louis Aragon. A obra foi censurada antes mesmo da sua publicação, quando a polícia, de visita a uma tipografia clandestina, deparou com as injuriosas páginas de um livro chamado Os Colhões Enraivecidos. O seu autor, Benjamin Péret, só viria a publicá-la em 1958 sob o pseudónimo Satyremont e com um título para toda a família. Adornado de sete beatíficas ilustrações de Yves Tanguy, Os Tomates Enlatados relata as sumarentas investidas de um visconde folgazão e da sua entourage avessa à abstinência, benzendo-as com poemas onde pais-nossos e ave-marias se entrelaçam com a mais debochada e prevaricadora linguagem.
Benjamin Péret (1899-1959), estudante pouco aplicado, é empurrado pela mãe para o exército depois de profanar uma estátua. O uniforme não assenta bem ao provocador dadaísta, e essa obstinada transgressão acompanha-o durante toda a vida: em 1924, abandona Dadá para seguir Breton e fundar a revista La Révolution surréaliste; junta-se ao Partido Comunista Francês, mas logo renuncia ao estalinismo; emigrado no Brasil, adere à oposição trotskista e é expulso pelo regime de Vargas; luta ao lado dos anarquistas na Guerra Civil Espanhola e, durante a França de Vichy, o seu antimilitarismo lança-o na prisão como agitador; depois do exílio no México, regressa a Paris em 1948, permanecendo até à morte ao lado de surrealistas e libertários, publicando títulos como Le Déshonneur des poètes e Anthologie de l’amour sublime. Viveu na obscuridade e sem um tostão, mas a sua intransigência permitiu uma obra sempre aberta à maravilha. A sua inscrição tumular diz tudo sobre a encarnação do refractário: «Desse pão não como.»

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